A inovação na construção civil tem sido algo constante, e a cada dia surgem novas soluções com potencial de mudar a forma como o setor trabalha. Como é natural em qualquer indústria, algumas dessas soluções se destacam e ganham tração, se tornando tendências que ditam o rumo do mercado.
Então, surge a pergunta: quais são as principais tecnologias que estão em destaque agora e têm tudo para ditar o rumo da inovação na construção civil em 2024?
Neste artigo você vai ver algumas das principais tendências e quais são seus efeitos em uma obra.
O mercado da construção civil atual reflete uma transformação profunda, impulsionada por uma combinação de avanços tecnológicos, demandas ambientais crescentes e mudanças nas práticas tradicionais.
Nos últimos anos, observamos uma indústria mais receptiva à inovação, adaptando-se a novas realidades e incorporando tecnologias que não apenas otimizam processos, mas também abordam preocupações ambientais.
Além disso, essa área é uma das mais importantes para o país, contribuindo significativamente para seu desenvolvimento. Para ter uma ideia, em 2023, a expansão do setor foi de 4,5%, conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Enquanto isso, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,8%, ou seja, a construção civil teve um aumento acima da economia nacional.
As perspectivas positivas, somadas à pressão por eficiência e sustentabilidade, estão motivando a indústria a adotar abordagens mais inteligentes e ecologicamente corretas.
Desde a gestão de projetos até a escolha de materiais, a construção civil está se tornando um terreno fértil para soluções inovadoras e práticas ecoconscientes, surgindo, assim, grandes tendências, como as descritas a seguir.
A cada ano que passa, os softwares de gerenciamento de obras se tornam mais acessíveis e indispensáveis para a boa gestão. Mas a evolução é tão grande e acontece de forma tão rápida que, enquanto algumas empresas ainda nem usam sistemas desse tipo, o mercado já avançou para o próximo passo.
Agora é a vez das plataformas de gestão integrada de construção. Elas têm um papel de concentrar todos os sistemas e ferramentas que a empresa usa em um único lugar.
Por exemplo: você pode juntar os dados do sistema de relacionamento com o cliente (CRM) com as informações do software de planejamento (ERP); pode integrar soluções de constructechs num mesmo dashboard; entre outras coisas.
Assim, a plataforma integrada gera relatórios combinando os dados das várias ferramentas, e esses dados servem para dar suporte a decisões estratégicas da empresa.
Ou seja, a indústria da construção está mais inteligente com as plataformas de gestão integrada e começando a dar a atenção devida aos dados. E isso nos leva à próxima tendência.
As grandes empresas, tanto do setor da construção civil quanto de outros mercados, estão cada vez mais preocupadas em usar bem o volume assombroso de dados coletados. Por isso, conceitos como Big Data vêm ganhando cada vez mais espaço.
Atualmente, segundo a consultoria PwC, o setor da construção gera cerca de 2,5 milhões de terabytes por dia. Mas 95,5% desses dados são descartados pelas empresas, e 90% deles são gerados de forma não estruturada.
Em essência, os dados contêm padrões importantes que fazem diferença na obra. Por meio da análise desses dados, os gestores das construtoras ou incorporadoras podem descobrir esses padrões escondidos e resolver problemas a partir deles.
Ou seja, há muito valor nas informações que os sistemas de gestão e as ferramentas, como os drones, coletam. Parte dessa análise já é feita nas plataformas integradas, mas ainda existem outras formas de avançar nessa questão.
Afinal, o progresso das empresas “data-driven” é claro, mas está apenas no começo. Por isso, 2024 também deve ser um ano de grandes inovações na gestão baseada em dados.
Quando os drones surgiram no mercado, eles pareciam uma revolução distante demais, mas os últimos anos provam que a tecnologia veio para ficar. Afinal, o bom uso dos drones pode aumentar a eficiência da obra e ainda apoiar a gestão data-driven.
A integração dos drones na indústria da construção representa não apenas uma revolução tecnológica, mas uma mudança fundamental na forma como os projetos são concebidos, executados e monitorados.
E, como toda inovação real, a tecnologia melhora a cada dia, ao mesmo tempo em que se torna mais e mais acessível. O grande trunfo dos drones é acessar locais remotos e coletar dados que de outra forma seria impossível ou teria um custo alto demais. Entre essas funções, podemos destacar:
Além dessas funções operacionais, os drones desempenharam um papel significativo na adaptação ao trabalho remoto, uma tendência acelerada pela pandemia. A capacidade de coletar dados remotamente facilitou a colaboração virtual, permitindo que equipes de projetos continuassem a monitorar e gerenciar obras, mesmo em contextos de distanciamento social.
Dessa maneira, o mercado de drones na construção está experimentando um crescimento notável, conforme indicado pelo relatório internacional Drone Market Report 2021-2026.
O valor atual do mercado é estimado em US$ 26,3 bilhões, com projeções indicando um aumento para US$ 41,3 bilhões em receita até 2026. Esse crescimento anual de 9,4%, em nível global, é impulsionado principalmente pela expansão do uso de drones comerciais na indústria da construção, sublinhando o papel vital que essa tecnologia desempenhará nos anos vindouros.
Outra tendência que vem se consolidando é a adoção em massa da chamada construção verde. Mais do que nunca, podemos esperar que os grandes projetos de construção busquem melhores processos e tecnologias.
Isso porque temos um tema cada vez mais latente no setor: ESG, expressão em inglês que se refere a meio ambiente, desenvolvimento social e governança (environment, social e governance, no original). Em resumo, são indicadores que buscam medir o impacto e a influência destas três áreas na operação de empresas.
Ou seja, construção verde e ESG na construção civil estão diretamente interligados. Hoje, mais do que erguer uma edificação e garantir que ela seja funcional, é preciso respeitar políticas ambientais de consumo consciente de água e energia, garantir conforto e saúde aos ocupantes e, claro, respeitar a realidade socioeconômica da região.
Um ponto importante sobre a construção verde é que ela vai muito além do reconhecimento e valorização comercial. Antes, tem a ver com construir imóveis que causam um impacto menor no ambiente antes, durante e depois da obra.
Isso envolve projetar com princípios sustentáveis em mente, usar materiais ecológicos e construir usando métodos que consomem menos recursos e geram menos resíduos.
Com 20% das emissões globais diretamente ligadas à indústria da construção, essa tendência ganha força a cada dia e a esperança é que num futuro próximo os projetos criem soluções que beneficiem o meio ambiente e as comunidades de seu entorno.
Vale ressaltar também que a pandemia de Covid-19 reforçou a necessidade da adoção de processos e políticas que estimulem a sustentabilidade, o respeito às leis e diretrizes, além da promoção do bem-estar.
Existe uma única ferramenta que pode aumentar a eficácia e a colaboração como nenhuma outra: estamos falando do BIM (Building Information Modeling, ou Modelagem de Informações da Construção).
O BIM é mais do que um software que cria o projeto da obra em 3D. Ele é uma metodologia de trabalho ideal para projetar com mais eficiência, segurança e precisão. Assim, o BIM é um grande aliado de arquitetos e engenheiros na hora de prever os custos de trabalho e mostrar como os materiais e estruturas de construção resistem ao longo do tempo.
Um dos principais motivos pelos quais o BIM vai continuar sendo tendência em 2024 é que muitas agências governamentais e órgãos de controle exigem o BIM em suas licitações.
O motivo é que esses órgãos buscam entender as questões que um projeto enfrentará antes de sair do papel. Além disso, os proprietários de edifícios também podem usar o BIM para desenvolver cronogramas de manutenção.
Os softwares que aplicam o conceito BIM não apenas aumentam a colaboração no trabalho, mas também reduzem os custos de construção e promovem segurança, minimizando o índice de incidentes.
Esse movimento de exigir e incentivar o uso do BIM em obras do governo já acontece aqui no Brasil e em muitos outros lugares do mundo. A tendência é que, em breve, o BIM se torne o padrão em toda construção.
Se você ainda não está familiarizado com o BIM, busque se informar ou contate especialistas no tema para auxiliá-lo em seus projetos.
Em 2024, a construção de unidades construtivas modulares e pré-fabricadas ganhará mais adeptos e fãs nos setores imobiliário e de construção. Em edifícios residenciais, construções modulares podem oferecer benefícios especiais para o público mais jovem que busca espaços cada vez mais customizáveis.
Um dos maiores atrativos deste modelo construtivo é a chamada construção off-site, ou seja, quando a construção de componentes modulares acontece fora do canteiro de obras. Isso traz muitos benefícios para a obra, como:
Com os componentes sendo construídos em ambientes de fábrica, é muito mais fácil manter a obra dentro do prazo e do orçamento. Além disso, o desperdício é quase nulo, uma vez que os materiais restantes são imediatamente reciclados.
Além disso, essas casas tendem a ser mais baratas e mais rápidas de construir, já que as equipes estão familiarizadas com os métodos de montagem.
A construção modular também é usada na construção comercial, como já pode ser visto em diversos lançamentos recentes, todos eles feitos com componentes modulares.
Agora imagine poder construir um prédio no mundo virtual, diminuindo os riscos e aumentando a eficiência da construção do mundo real. Isso é possível com digital twins (gêmeos digitais).
Trata-se de representações virtuais de objetos e sistemas que existem na vida real. Um gêmeo digital se comporta da mesma maneira que seu correspondente do mundo físico. Por isso mesmo, ele pode simular condições de desempenho e funcionalidades.
Eles são desenvolvidos no mundo virtual a partir de dados coletados no seu “irmão” do mundo real, por meio, por exemplo, de scanners 3D, drones e dispositivos conectados à internet. Na construção civil, com a evolução de tecnologias de dados e o uso de BIM, os digital twins devem ganhar cada vez mais espaço.
Estudos apontam que esse mercado deve alcançar o valor de US$ 12 bilhões até 2026. E a consultoria Gartner estima que o uso de digital twins resultará em um aumento de até 10% na eficiência das organizações.
A Inteligência Artificial está se estabelecendo como um acelerador da inovação na construção civil. Isso porque os algoritmos de IA estão sendo empregados em diversas frentes, desde o planejamento e design de projetos até a execução e manutenção.
A capacidade da IA de analisar grandes conjuntos de dados, prever padrões e automatizar tarefas complexas está resultando em uma eficiência operacional sem precedentes. Além disso, ferramentas desse tipo estão sendo utilizadas para aprimorar a precisão em estimativas de custos, gerenciamento de riscos e tomada de decisões estratégicas.
A automação proporcionada pela IA, além de reduzir os custos operacionais, também permite que as equipes se concentrem em aspectos mais criativos e estratégicos dos projetos. A indústria está, assim, testemunhando uma mudança de padrão na realização do trabalho, com a Inteligência Artificial moldando o presente e o futuro do setor de construção.
Outro conceito que tem movimentado o setor é a idealização de cidades inteligentes, o que também vem remodelando a infraestrutura urbana, promovendo a integração de tecnologias avançadas para melhorar a qualidade de vida e a eficiência dos serviços urbanos. Sensores IoT (Internet das Coisas), análise de dados em tempo real e sistemas inteligentes estão se tornando partes integrantes do desenvolvimento urbano.
As cidades inteligentes são uma solução que otimiza a gestão de recursos, como energia e água e também aprimora os serviços públicos, como transporte e segurança. Além disso, o ambiente urbano está se tornando mais conectado e adaptável, respondendo às necessidades dos cidadãos de maneira mais eficaz.
Essa transformação não se limita apenas à infraestrutura física, mas também abrange aspectos sociais, ambientais e econômicos. As cidades inteligentes representam um movimento em direção a comunidades mais sustentáveis, resilientes e tecnologicamente avançadas. E, com isso, a construção civil precisa focar em projetos que promovam toda essa inovação.
As tecnologias de Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA) estão desempenhando papéis importantes em muitos setores, incluindo em diversas fases do ciclo de vida dos projetos de construção.
A RV permite a visualização imersiva de projetos, oferecendo uma compreensão mais profunda e precisa antes mesmo do início da construção. Por outro lado, a RA complementa o ambiente físico com elementos virtuais, melhorando a precisão nas operações no canteiro de obras e facilitando treinamentos.
Essas tecnologias estão indo além do aspecto visual, sendo usadas para simulações de processos construtivos, detecção de interferências e colaboração remota entre equipes. Elas não apenas reduzem erros e custos, mas também aceleram a conclusão das diferentes fases dos projetos, proporcionando eficiência e inovação na construção civil.
A crescente conscientização ambiental está impulsionando também a busca por materiais de construção mais sustentáveis, destacando o papel do bioconcreto e dos tijolos ecológicos.
O bioconcreto, incorporando microrganismos autoreparadores, promete uma durabilidade excepcional e uma redução significativa na necessidade de manutenção ao longo do tempo. Essa inovação não apenas estende a vida útil das estruturas, mas também reduz o impacto ambiental associado à manutenção constante.
Os tijolos ecológicos, produzidos a partir de materiais reciclados ou de fontes renováveis, oferecem uma alternativa eco-friendly à construção convencional. Além de contribuir para a redução de resíduos, esses materiais promovem a sustentabilidade desde a fase de produção até o final de sua vida útil.
A utilização desses tipos de materiais de construção reflete uma resposta às demandas ambientais ao mesmo tempo que estabelece uma mudança de padrão, favorecendo práticas construtivas mais responsáveis e sustentáveis.
Portanto, fica claro que em 2024 a inovação na construção civil aponta para um notável avanço em direção à digitalização e à sustentabilidade. A adoção de tecnologias seguras e cada vez mais potentes não é apenas uma opção, mas uma necessidade para as empresas que desejam se desenvolver nesse cenário dinâmico.
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