Embora muito conhecido no Brasil, o Building Information Modeling (BIM) ainda não é utilizado pela maioria das construtoras. Tal constatação vem de uma pesquisa - realizada por Sienge e Grant Thornton - que mostrou que apenas 38,4% das construtoras brasileiras utilizam BIM.
No entanto, tudo indica que esse panorama deve mudar, aumentando a penetração do BIM no país. Isso porque, conforme prevê o Decreto 10.306/2020, o uso do BIM passou a ser obrigatório em obras e serviços de engenharia administradas por órgãos públicos. E, em breve, é possível que se torne obrigatório em todas as obras.
Portanto, se você trabalha no setor da construção civil, é certo que em algum momento irá se deparar com o BIM. Mas você sabe exatamente o que é isso? A gente te explica detalhadamente e ainda dá dicas de como implantar na sua empresa. Confira!
A sigla BIM é a abreviação de Building Information Modeling ou, em português, Modelagem da Informação da Construção. Em resumo, estamos falando de uma ferramenta que fornece dados precisos para projetos de construção civil e arquitetura.
De acordo com Chuck Eastman, professor renomado e escritor considerado o “pai” do BIM, essa metodologia possibilita a criação de modelos virtuais precisos de uma construção. E o grande diferencial é a sua base de dados digitais sobre um projeto.
Mas cabe aqui uma ressalva: não devemos confundir o BIM com um simples software. Na verdade, o Building Information Modeling é melhor descrito como uma metodologia que combina tecnologias, processos e políticas com a finalidade de projetar uma edificação, simulando a integração entre os sistemas e gerenciando dados em tempo real.
E tudo isso ocorre por meio de plataformas digitais que utilizam objetos virtuais com as mesmas características de seus pares reais. Afinal, o BIM é um modelo vivo, flexível e interativo, que simula como as diferentes estruturas e instalações interagem e interferem uma na outra.
É comum o BIM ser confundido com uma modelagem 3D simples. Na verdade, todo BIM é, de fato, um modelo 3D, mas nem todo modelo 3D é BIM. Isso porque soluções tridimensionais cuja única informação dos elementos é a geometria não podem ser consideradas BIM.
Em geral, ferramentas BIM atribuem diversos outros tipos de dados aos objetos que representam, porque são paramétricos, inteligentes e ajustáveis. Ou seja, ao realizar ajustes no seu projeto, por exemplo, o BIM gera automaticamente novas tabelas e relatórios conforme o projeto é alterado e demonstra os efeitos da mudança em todos os outros sistemas da obra.
Isso só é possível porque o BIM atua como gestor de bancos de dados integrados. Logo, programas que não possuem tal funcionalidade não se encaixam na classificação de BIM - e é por isso que falamos que o BIM vai muito além de um modelo 3D.
O BIM pode ser classificado em cinco dimensões, conforme seu aprofundamento no projeto. Confira:
Como você viu até aqui, o uso do BIM pode envolver a utilização de diferentes softwares com o objetivo de fornecer dados precisos para todas as etapas de um projeto de construção civil.
Isso significa que é possível desenvolver modelos tridimensionais do seu projeto a fim de mensurar os resultados de forma mais assertiva e inteligente. Além disso, contribui para a diminuição de riscos e prejuízos nas obras.
Uma vez que a metodologia Building Information Modeling permite a elaboração de plantas virtuais mais complexas e ajustáveis, fica mais fácil prever e corrigir todas as alterações necessárias ao longo da obra, tudo isso graças ao seu banco de dados integrado.
Em um passado não muito distante, era comum que os profissionais do setor da construção ainda tivessem que agregar os dados de um projeto manualmente, em documentos físicos ou até mesmo digitais. Hoje, com o BIM tudo isso é automatizado.
Todas as informações sobre a sua obra podem estar integradas em uma única plataforma para que sejam compartilhadas com todos os profissionais envolvidos na edificação, ou seja, o BIM também é uma metodologia de trabalho colaborativo.
Dados como elementos estruturais, fatores geológicos, disposição dos objetos, cálculos orçamentários, tipos de materiais, quantidades necessárias e diversas outras informações são reunidas pelo BIM de modo virtual.
A busca por inovação já é uma realidade na construção civil. As construtoras estão mais atentas às tendências para o setor, especialmente no que se refere à transformação digital.
E o BIM, para muitos especialistas, está no centro do processo de transformação digital das construtoras, agregando inovações, aumentando a produtividade e atribuindo previsibilidade e segurança aos canteiros.
Vamos conferir, de forma prática, quatro vantagens ao utilizar o BIM na sua empresa:
O primeiro passo para implantar o BIM é o entendimento que será preciso mudanças de paradigmas em relação ao tripé: pessoas, processos e tecnologia. Afinal, adotar uma nova metodologia requer uma mudança completa de mindset.
Nesse caso, estamos saindo de um modelo 2D para um 3D repleto de informações totalmente integradas. Portanto, não basta simplesmente adquirir um novo software ou refazer um planejamento. É preciso mudar uma cultura. Confira alguns passos importantes a seguir.
Não há como implantar BIM sem mudanças nos processos atuais da construtora. Para isso, o Plano de Implementação BIM (BIP, na sigla em inglês), muito utilizado na etapa chamada de pré-BIM, pode ser essencial.
Nele devem estar contidos todos os processos, etapas e objetivos do seu projeto, além de estratégias, análise do fluxo de trabalho, das necessidades da obra, entre outras informações.
O BIP deve responder, por exemplo:
Nesta etapa, o mais recomendado é contar com a ajuda de um consultor ou especialista, já que o plano de implementação é o ponto de partida para desenvolver projetos em BIM.
Você sabia que a maior barreira para a adoção de novas tecnologias na construção civil é a resistência dos funcionários? Isso é o que diz o relatório “Construction Technology Report”, da Procore.
Portanto, a implementação do BIM passa pela inovação tecnológica e pelos processos, mas também, principalmente, pela transformação cultural de pessoas, em todos os níveis.
Inclusive, a liderança da construtora tem papel relevante para incentivar o time mesmo que no início existam erros. No processo de busca pela inovação, o erro é uma consequência natural e não pode ser fator de desincentivo.
Assim como já comentamos anteriormente, a ferramenta BIM pode ser aplicada com a ajuda de diferentes softwares, como o Autodesk Revit e o Archicad, por exemplo.
Após fazer a escolha do programa mais adequado para o seu projeto, é preciso alterar o seu desenho CAD para a modelagem BIM. Para realizar esta etapa, é muito importante você se aprofundar nos níveis de maturidade BIM.
Outro ponto que deve ser levado em consideração na hora de fazer a sua modelagem BIM, é o sistema operacional que será utilizado pela sua equipe, para evitar incompatibilidade.
Além disso, os requisitos mínimos de hardware para o desenvolvimento de projetos como esses costumam consumir muita memória RAM, então a escolha do equipamento utilizado por toda a equipe também é algo fundamental.
Ainda sobre tecnologia, vale ressaltar que a nuvem de pontos para modelos BIM pode ser um grande diferencial para o setor, facilitando muito a modelagem BIM - e é algo ainda pouco explorado.
Imagine que para modelar um projeto digital, assim como no mundo físico, você precisa de uma base, ou seja, um terreno. E é aí que os drones desempenham um papel importantíssimo para o BIM, pois com eles é possível capturar dados extremamente precisos de maneira rápida, prática e segura. E, em uma plataforma como a da Maply, é possível transformá-los em um modelo digital com milhares de pontos, a tal "nuvem de pontos", que formam uma réplica digital (digital twins) com precisão centimétrica do terreno em questão de horas.
Ou seja, a partir delas, você passa a ter uma visualização 3D com alta precisão. E onde o BIM entra nessa história? Você pode iniciar a sua modelagem em BIM a partir da nuvem de pontos. Ou seja, é muito mais fácil e rápido do que iniciar uma modelagem do zero.
Além disso, a velocidade da coleta e precisão dos dados gerados a partir de drones auxilia os engenheiros a fazerem o acompanhamento do BIM de forma muito mais eficaz.
No mundo, há países que são considerados ótimos exemplos no uso do BIM. São os casos do Reino Unido, Singapura, Estados Unidos, Holanda e França. No Brasil, tudo indica que avançaremos ainda mais nos próximos anos.
Como falamos anteriormente, o BIM já é obrigatório para obras públicas. No setor privado, há a expectativa de que as empresas acompanhem o calendário de implementação do BIM no Brasil e que a tecnologia seja disseminada em até 10 anos.
Hoje, a agenda de implementação é composta por 3 fases programadas até 2028:
De fato, o BIM é essencial para a construção civil e não por acaso foi uma das tendências listadas por nós como as mais relevantes para 2022. Confira agora 7 tendências de inovação para o setor da construção!
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